PF prende 4 por desvios no Fundeb em Belford Roxo; valor envolvido passa de R$ 112 milhões

Segundo a força-tarefa, desde 2017 os livros didáticos em Belford Roxo são fornecidos por 2 empresas, sempre com contratos sem licitação, e com recursos do Fundo Nacional de Educação.



Por: Márcia Brasil, Victória Henrique, TV Globo

Publicado em: 11/02/2025

PF cumpre mandado na Operação Errata

Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira (11) 4 pessoas na Operação Errata, contra fraudes na rede municipal de ensino de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A investigação contou com o Ministério Público Federal (MPF), com a Controladoria-Geral da União (CGU) e com a Receita Federal. O valor envolvido ultrapassa R$ 112 milhões.


Os presos


  1. Denis de Souza Macedo, ex-secretário de Educação de Belford Roxo;
  2. Dulcileia Angelica Freitas Domingos, ⁠subprocuradora-geral de Belford Roxo;
  3. Kezia Macedo Dos Santos Aleixo, ⁠ex-secretária de Educação de Itatiaia;
  4. Marcos Domingos Luiz, ⁠ex-secretário de Indústria e Comércio de Belford Roxo.


Na casa de Marcos, agentes apreenderam 1 fuzil, 1 pistola, 1 revólver, 3 carros, 1 van e R$ 18,5 mil em espécie. A TV Globo apurou que o ex-secretário controla vans na região e tem ligação com a milícia.


Denis já tinha sido preso pela PF em julho do ano passado. Na ocasião, ele era investigado por fraudes na merenda escolar. Denis e outras 20 pessoas viraram réus no mês seguinte. A força-tarefa do MPF e PF afirma que pelo menos R$ 6.140.602,60 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) foram embolsados pelo grupo indevidamente.


Como era o esquema


Segundo a força-tarefa, desde 2017 os livros didáticos em Belford Roxo eram fornecidos pela IPDH Edições e Editora Soler, sempre com contratos sem licitação, e com recursos do Fundo Nacional de Educação (Fundeb).


“As fraudes eram cometidas mediante pagamentos superfaturados, baseados em documentação falsa, às empresas investigadas. O desvio de recursos públicos teria sido acompanhado pelo pagamento de vantagens indevidas pelos fornecedores a agentes públicos do município”, afirmou a PF.


Já a CGU explicou que “não houve justificativa para dispensar a concorrência pública”. “Além disso, há indícios de conluio entre servidores da secretaria e funcionários de uma editora, simulando processos e direcionando contratos entre 2017 e 2024.”


A PF lembrou que todo município pode obter esses materiais gratuitamente pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC). Já a CGU destacou que a inexigibilidade de licitação somente é permitida “quando há inviabilidade de concorrência, o que não foi comprovado”.


Ainda de acordo com a investigação, os alvos “se valeram de mecanismos de lavagem de dinheiro” para ocultar a suposta propina.


Cerca de 150 policiais federais também cumpriram 42 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro (14), Nova Iguaçu (11), Belford Roxo (7), Fortaleza (4), Maricá (2), Armação dos Búzios (1), Mesquita (1), Recife (1) e Paulista (1).



“Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e contratação direta ilegal”, detalhou a PF.