Quadrilha especializada em fabricação e venda de anabolizantes clandestinos é alvo de operação do MP e da Polícia Civil
Material era fabricado sem fiscalização, e continha até substâncias tóxicas e nocivas para seres humanos, como repelentes de insetos
Por: Roberta de Souza - Extra
Publicado em: 14/01/2025

Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, o Boss, foi preso em São Gonçalo — Foto: TV Globo/Reprodução
Policiais civis da 76ª DP (Niterói) e agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio realizam, nesta terça-feira, a Operação Kairós para desarticular uma quadrilha especializada na fabricação e na comercialização de anabolizantes para todo o Brasil. O material era fabricado clandestinamente, sem fiscalização e continha até substâncias tóxicas e nocivas para seres humanos, como repelentes de insetos. Dezesseis pessoas foram presas — uma em flagrante. Entre elas estão Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, o Boss, o alvo principal dos agentes, e a esposa dele. O casal estava numa mansão em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
As investigações do Gaeco identificaram as marcas Next Pharmaceutics, Pharma Bulls, Thunder Group, Venon, Supreme, Kraft, Phenix e Blank como parte do conglomerado envolvido na venda de anabolizantes. Para alavancar as vendas, a quadrilha patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais, diz a Polícia Civil. Além disso, remunerava influenciadores digitais. Os investigadores tentam identificar essas pessoas.
"A denúncia (feita pelo MP para a Justiça) é de 23 envolvidos num esquema grande, de produção e comércio de anabolizante", disse o delegado Luiz Henrique Pereira, titular da 76ª DP, ao Bom Dia Rio.
De acordo com o telejornal, há pelo 50 pessoas envolvidas no esquema. Nesta primeira fase, os alvos são os que fabricam e comercializam os anabolizantes.
"A operação foi dividida em duas fases. A primeira fase visa aos produtores e quem vendia. Na segunda fase a investigação vai apurar a participação de influenciadores do ramo do fisiculturismo que eram contratados para alavancar as vendas em suas redes sociais. Alguns chegavam a ganhar R$ 10 mil por mês para fazer essa divulgação", afirmou o delegado.
No decorrer da investigação, iniciada em 2024 após uma parceria da Polícia Civil com os Correios — que permitiu identificar grandes quantidades de remessas de substâncias para endereços no Rio e em outros estados —, foram verificadas vendas em plataformas on-line e em redes sociais. Os investigadores identificaram uma movimentação de mais de R$ 80 milhões pelas contas bancárias de alguns dos alvos. Desde o início da apuração, foram apreendidas mais de duas mil substâncias ilícitas, o que gerou um prejuízo de mais de R$ 500 mil ao grupo criminoso.
Contas bloqueadas e sites fora do ar
Também foram identificados diversos operadores financeiros do bando, que pulverizavam a entrada e saída de quantias milionárias para dificultar possíveis investigações. A pedido do Ministério Público, a Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias de todos os envolvidos e a retirada do ar dos sites que comercializavam os anabolizantes.
Os agentes cumprem cumprem 15 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Brasília. A ação conta com o apoio da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil do Distrito Federal.
Os denunciados responderão por associação criminosa, crime contra a saúde pública e crimes contra o consumidor. As investigações prosseguem para identificar os revendedores, influenciadores e atletas patrocinados para multiplicar as vendas do grupo criminoso. Eles chegavam a receber mais de R$ 10 mil mensais para promoção da marca.

Anabolizantes apreendidos pela polícia — Foto: Reprodução