Oficial da Marinha é condenado a 80 anos de prisão pela morte de ex-sogros

Júri popular no Tribunal de Justiça do Rio analisou o assassinato de Geraldo e Osélia Coelho, mortos a facadas em 2022 dentro do apartamento onde o réu morava com o ex-companheiro


Por: Raoni Alves, G1

Publicado em: 11/12/2025

Cristiano Lacerda foi preso em flagrante pelo assassinato dos pais do namorado, Geraldo e Oselia.

Foto: Reprodução/Facebook

O oficial da Marinha Cristiano da Silva Lacerda foi condenado nesta quarta-feira (10) pelo júri popular no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por matar a facadas Geraldo Coelho, de 73 anos, e Osélia Coelho, de 72, pais de seu ex‑namorado, Felipe Coelho, dentro do apartamento do casal no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio.


A pena fixada foi de 80 anos, em regime fechado. Na sentença, Cristiano também foi condenado ao pagamento de R$ 200 mil, por danos morais para cada filho das vítimas. A justiça também determinou que ele perca o cargo na Marinha.


“Maior deve ser a reprovabilidade em razão do fato de o acusado ser militar, capitão de fragata, sendo este um alto cargo dentro da Marinha do Brasil. Por ser servidor público das Forças Armadas, o acusado deveria utilizar seus ensinamentos militares em prol da sociedade e não contra iguais, tirando a vida de dois idosos a facadas”, destacou a juíza Tula Corrêa de Mello na sentença, que completou:


“Os militares da Marinha possuem um conjunto de valores sociais e éticos que orientam sua conduta e emanam do conjunto de vínculos racionais e morais que os ligam à Pátria e ao seu serviço. Logo, não se pode comparar a reprovabilidade de um crime contra a vida praticado por um popular com um praticado por quem se espera justamente a defesa da honra e da lealdade. Tal conduta deslegitima toda a estrutura da carreira”.


Segundo a acusação, o crime foi motivado por vingança após o fim do relacionamento com Felipe Coelho, e praticado com extrema crueldade, enquanto as vítimas estavam deitadas em um sofá‑cama, sem chance de defesa.


Crime brutal


O crime ocorreu durante a madrugada do dia 25 de junho de 2022, quando Geraldo e Osélia dormiam em um sofá-cama na sala. Eles estavam hospedados no apartamento do filho, que ainda dividia o imóvel com Cristiano, mesmo após a separação do casal, motivada por uma agressão ocorrida dois meses antes.


As investigações confirmaram que o casal foi morto com um “elevado número” de facadas, o que levou o Ministério Público a apontar meio cruel e impossibilidade de defesa como qualificadoras.


A cena encontrada pelos bombeiros e pela polícia chamou atenção pela violência. As vítimas estavam deitadas no sofá-cama, enquanto Cristiano foi localizado dopado dentro do baú da cama, ao lado de uma faca ensanguentada, garrafa de bebida alcoólica, remédios controlados e receitas médicas em seu nome.


Pouco antes, Felipe havia saído para uma festa em Ipanema. Ainda segundo a investigação, tomado por ciúmes e inconformado com o fim do relacionamento, Cristiano teria aguardado que o ex-companheiro deixasse o apartamento para atacar os pais dele.


Felipe encontrou os pais mortos ao retornar ao apartamento após receber mensagens e telefonemas de Cristiano. Testemunhas relataram que ele entrou em desespero e tentou pular pela janela ao se deparar com a cena.


As vítimas


Geraldo e Osélia moravam em Fortaleza (CE) e tinham vindo ao Rio no dia 17 de junho para visitar o filho. Eles voltariam para casa na terça‑feira seguinte.


Segundo Felipe, “Eles eram duas pessoas maravilhosas, eram evangélicos e tinham uma fé gigante. Estavam sempre orando por nós, pelos filhos. Nossa família inteira está dilacerada”.


O casal era avô de três netos e a família relata que a perda provocou profundo abalo entre irmãos, tios e sobrinhos.