Jovem baleada por agentes da PRF tem sedação suspensa, interage com o meio e tem nível de consciência progredindo
Juliana Leite Rangel, de 26 anos, levou um tiro na cabeça durante abordagem feita na véspera do Natal
Por: Extra
Publicado em: 02/01/2025

A agente de saúde Juliana Rangel, baleada na cabeça em abordagem da PRF em rodovia do Rio — Foto: Reprodução redes sociais
A agente de saúde Juliana Leite Rangel, de 26 anos, teve a sedação totalmente suspensa nesta quinta-feira. Ela já interage com o meio, tem nível de consciência progredindo e já responde a estímulos, afirma o boletim médico. A jovem, que segue internada no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, já abre os olhos também. O estado de saúde ainda é considerado grave mas, segundo os médicos, Juliana tem apresentado melhora progressiva em seu estado de saúde. A agente de saúde deu entrada na unidade em 24 de dezembro, quando levou um tiro na cabeça durante uma abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os agentes envolvidos no episódio foram afastados.
Juliana passou por uma traqueostomia no último dia 30. "A paciente apresentando boa resposta, com abertura ocular espontânea e começando a interagir. Segue em protocolo de redução da ventilação mecânica, também tolerando bem a redução desse suporte. Do ponto de vista neurológico, paciente vem progredindo o nível de consciência, sem novos déficits, com despertar espontâneo e interação com o meio, mas ainda não sendo possível avaliação completa de possíveis sequelas permanentes", diz o boletim.
Família ia comemorar o Natal
Na noite do dia 24 de dezembro, a agente de saúde estava no banco de trás do carro da família, ao lado do irmão mais novo, de 17 anos, e da namorada dele. Na frente, estavam a mãe da agente de saúde, Dayse Rangel — no carona, com o cachorro de estimação no colo —, e o pai da jovem, Alexandre da Silva Rangel, que conduzia o veículo. Ele chegou a ser ferido por um disparo na mão esquerda, mas não precisou ficar internado. Todos seguiam para Niterói, na Região Metropolitana do Rio, onde passariam o Natal com parentes.
"Eu estava em 90 (km/h, velocidade até 110. Aí olhei pelo retrovisor, eu vi aquele giroscópio. Pensei que era uma ambulância, liguei a seta. Dei passagem. Mas só quando ele chegou perto de mim, jogou atrás de mim. Falei: "Ih, não passou, não". Aí liguei a seta e voltei. Quando eu voltei, mandaram bala, sem parar", contou Alexandre ao "Fantástico", lembrando que os estilhaços dos vidros começaram a cair sobre os ocupantes do carro.
Após parar o veículo, Daisy afirma que o carro ainda foi alvo de "mais tiro", conforme relatou à TV Globo — ao todo foram cinco disparos que atingiram o carro. A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar o que aconteceu nessa abordagem da PRF. A PF ouviu os agentes envolvidos e apreendeu as armas usadas por eles.
A defesa dos policiais envolvidos na abordagem ressalta que seus clientes "são servidores respeitados" e que "nunca responderam a processos administrativos". Em nota, o advogado Luiz Gustavo Faria diz que "algumas versões que foram noticiadas não reproduzem o que aconteceu". Segundo o posicionamento, os policiais receberam informações envolvendo um carro de mesmo modelo que o da família de Juliana e que, após ouvirem estampidos "que naquele momento acreditava-se sair do carro da família", os agentes dispararam.