IBGE: desemprego atinge menor nível da história, com taxa de 6,1% em novembro

Pesquisa começou em 2012. Nível da ocupação bate recorde e número de ocupados chega a 103,9 milhões de trabalhadores, com 39,1 milhões deles com carteira assinada






Por: Carolina Nalin e Henrique Barbi - Extra 

Publicado em: 27/12/2024

O percentual de desocupados renovou a mínima histórica e chegou a 6,1% no trimestre encerrado em novembro — Foto: Arquivo

Mais uma vez o desemprego renovou a mínima histórica. Segundo dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira, dia 27, a desocupação ficou em 6,1% no trimestre encerrado em novembro. Em linha com as expectativas dos agentes econômicos, o percentual é o menor patamar registrado pela pesquisa do instituto, iniciada em 2012.


A ocupação também registrou novo recorde e chegou a 103,9 milhões de trabalhadores, com o nível da ocupação no ponto mais alto da série: 58,8%. Há 39,1 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada no país, também o maior patamar registrado pela pesquisa.


— O ano de 2024 caminha para o registro de recordes na expansão do mercado de trabalho brasileiro, impulsionado pelo crescimento dos empregados formais e informais — resume Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE.


Indústria e construção lideram expansão do emprego


Há mais pessoas empregadas no mercado de trabalho do que no trimestre móvel anterior, mostram os dados da pesquisa. A indústria absorveu 309 mil novos trabalhadores, um crescimento de 2,4%. A construção adicionou 269 mil vagas, alta de 3,6%.


O setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais empregou mais 215 mil pessoas, um aumento de 1,2%. Já os serviços domésticos cresceram 3,0%, com 174 mil novos postos. Juntos, esses setores foram responsáveis por 967 mil novos empregos no trimestre.


— Tanto os trabalhadores de ocupações elementares quanto os de serviços profissionais mais avançados estão sendo demandados, expandindo o nível da ocupação geral da população ativa — explica Adriana.


Adrielle Mozeli, de 32 anos, vivia há três de alguns bicos como design de sobrancelhas e manicure, além da renda do marido, motorista de caminhão. No entanto, sua realidade mudou nos últimos meses. Em novembro, ela conseguiu um emprego de carteira assinada como atendente de uma padaria no bairro onde mora, em Jardim Gramacho, na cidade de Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio.


— Passei a ajudar em casa e a presentear a mim e ao meu marido. Não é que dê para gastar muito mais, só deixei de pedir ajuda aos outros. Consegui ter um cartão de crédito. Quero investir em cursos de estética, para um dia trabalhar por conta própria, e penso até em comprar uma casa nova — conta Adrielle, que hoje mora em cima da casa da sogra.


Recorde no setor privado


Segundo o IBGE, há 53,5 milhões de pessoas atuando no setor privado, número também recorde da série. Já no setor público, são 12,8 milhões de trabalhadores. O emprego sem carteira, por sua vez, ficou estável no trimestre em 14,4 milhões.

Já o contingente de trabalhadores por conta própria avançou 1,7% no trimestre totalizando 25,9 milhões, embora tenha ficado estável no ano. Com o resultado, a taxa de informalidade ficou em 38,7%, o equivalente a 40,3 milhões de trabalhadores informais. Um percentual ligeiramente menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando ficou em 39,2%.


Massa salarial cresce 7,2% no ano


O rendimento real (já descontado a inflação) ficou estável em R$ 3.285 no trimestre, com alta de 3,4% no ano. Nessa comparação trimestral, apenas o emprego no setor de transporte e armazenagem teve alta no rendimento médio: avanço de 4,7%, ou incremento de R$ 141.


No ano, porém, o rendimento real do trabalhador cresceu em três atividades: comércio (alta de 3,9%); transporte e armazenagem (7,8%) e serviços domésticos (3,6%). Os demais grupamentos tiveram estabilidade.

A massa de rendimento real habitual, que é a soma de todos os rendimentos da população ocupada, atingiu novo recorde em novembro: R$ 332,7 bilhões. O número indica uma alta de 2,1% no trimestre e de 7,2% no ano.


Pnad x Caged


Novos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) serão divulgados também nesta sexta-feira. Até agora, os dados de outubro apontaram uma abertura de 132.714 vagas mil postos de trabalho no mês.


Tanto a pesquisa do Caged quanto a do IBGE mensuram o emprego, mas suas metodologias são diferentes. A do Caged só traz informações sobre trabalho com carteira assinada, com base no que as empresas informam ao ministério. Os dados são mensais.


Já a Pnad traz informações sobre trabalhadores formais e informais. A pesquisa é divulgada mensalmente, mas traz informações trimestrais. A coleta de dados é feita em regiões metropolitanas do país.