Cidade da Polícia Civil do Rio ficou sem luz após furto de cabos
Local teve que receber energia elétrica por meio de um gerador
Por: Extra
Publicado em: 29/01/2025

A Cidade da Polícia ficou sem luz por causa do furto de cabos — Foto: Fabiano Rocha / Agência
O Globo
A Cidade da Polícia Civil do Rio, no Jacarezinho, Zona Norte da capital, ficou sem luz entre a madrugada e o início da tarde desta quarta-feira. Isso aconteceu por causa do furto de cabos na região, ocorrido durante a madrugada, segundo a Light. O crime é investigado e agentes procuram pelo suspeito de realizá-lo. Por causa da falta de abastecimento, quem foi ao local — onde funcionam 15 delegacias especializadas e trabalham mais de três mil agentes — no período sem energia elétrica para saber sobre investigações teve que esperar do lado de fora.
O caminhoneiro Eli Carlos Nazareno, de 46 anos, foi chamado para ser ouvido após ser assaltado em dezembro do ano passado na Avenida Brasil. O motorista conta que soube do problema na Cidade da Polícia, mas como é de Minas não poderia voltar para casa sem resolver a questão.
— Eu fui assaltado, levaram toda a carga, aí a inspetora pediu para me ouvir hoje. Cheguei às 8h e estou aqui desde então. Com a falta de luz não estão conseguindo fazer nada. Acontece que sou de Minas, aí tenho que esperar porque não posso ir embora sem dar conta disso — diz.
Assim como Eli, o contador Marcos Paulo, de 52 anos, é de Rio das Ostras e foi com o irmão, Rafael Ferreira, para fazer a vistoria do seu carro, que foi roubado:
— Chegamos aqui às 9h, nos falaram que está sem energia e estão aguardando a empresa sanar o problema, só que até agora nada. Está sendo chato esperar, mas entre ficar aqui ou ter que voltar de novo, é melhor aguardar. Fazer o que, né?
Enquanto isso, Sérgio Ramos, de 43 anos, que teve o carro roubado no ano passado e foi fazer a perícia do automóvel desabafa que as altas temperaturas estão dificultando a espera.
— Vim aqui fazer a perícia do meu carro que foi roubado no ano passado, na altura da Maré. Estou esperando, mas está difícil, principalmente nesse calor — conta.
O incidente na Cidade da Polícia aconteceu no mesmo dia em que as polícias civis do RJ e do ES fazem uma grande operação no Complexo da Maré. Os alvos presos e o material apreendido na ação estão sendo levados para a 21ª DP (Bonsucesso).
A Light informou que, enquanto a energia não foi restabelecida, um gerador forneceu energia para a Cidade da Polícia.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil afirmou, em nota, que ao longo da manhã, a Cidade da Polícia operou com fornecimento parcial de energia elétrica. Segundo a corporação, a interrupção afetou também os sistemas, que passaram por instabilidade, mas já estão normalizados. A tentativa de furto de cabos é investigada pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). "Agentes realizam diligências para identificar e localizar o autor, bem como outros envolvidos na cadeia criminosa", disse o informe.
A Polícia Civil destacou, ainda, que faz "ações diárias e contínuas para combater o furto de cabos e materiais metálicos". "Somente a DRF, por exemplo, desde setembro de 2024, fiscalizou 73 ferros-velhos no Estado do Rio de Janeiro e em 68 deles os responsáveis foram autuados em flagrante. Neste mesmo período, mais de 1,5 tonelada de materiais metálicos foi apreendida pela especializada", afirma a nota.
"Pela legislação vigente, por se tratar de crimes sem violência ou grave ameaça, esses criminosos não permanecem detidos, retornando para as ruas para cometer novos delitos. Além disso, como a Polícia Civil não tem atribuição legal para interditar os estabelecimentos, os ferros-velhos irregulares voltam a operar imediatamente. A DRF tem diversos inquéritos em andamento que investigam toda a cadeia criminosa, desde o furtador até as metalúrgicas, e as diligências seguem para responsabilizar criminalmente todos os envolvidos", frisou a corporação.
A Polícia Civil ressaltou, ainda, que "as organizações criminosas, ao perceberem a rentabilidade desse tipo de negócio, passaram a abrigar os ferros-velhos no interior das comunidades. As exigências legais por excepcionalidade para justificar a realização de ações policiais nessas localidades ajudam a proteger as atividades ilegais".
Máquina de cigarros roubada
A Cidade da Polícia é cercada pelas favelas do Jacarezinho e de Manguinhos. Apesar do espaço ser rodeado por muros altos, as ações criminosas não são inibidas.
No ano passado, em fevereiro, uma máquina de fazer cigarro de 6 metros de comprimento e de mais de 5 toneladas foi furtada de dentro do local. Segundo uma denúncia do RJTV2, a polícia só descobriu que o equipamento sumiu quatro meses depois.
A máquina estava guardada num galpão onde fica o depósito de bens apreendidos da Delegacia de Cargas, que fica nos fundos do complexo. O equipamento havia sido apreendido numa operação realizada em julho de 2022, em uma ação de outra unidade, o Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.
A investigação era contra um grupo que mantinha 23 paraguaios e um brasileiro em situação análoga à escravidão. Os trabalhadores eram obrigados a trabalhar numa fábrica clandestina de cigarros, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Não recebiam salário e eram impedidos de sair da fábrica.