Quatro são presos em Três Rios por maquiar e revender carne podre que ficou submersa na enchente de Porto Alegre
Segundo a Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios, arrematou 800 toneladas de proteína animal deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre alegando que faria ração animal. Mas a carga foi vendida para açougues e mercados de todo o país.
Por: Felipe Freire - TV Globo
Publicado em: 22/01/2025

Equipes da Polícia Civil do Rio em um dos endereços da Operação Carne Fraca, em Três Rios (RJ) — Foto: Reprodução
Quatro pessoas foram presas em flagrante nesta quarta-feira (22) na Operação Carne Fraca, contra uma empresa do Sul Fluminense que comprou e revendeu para consumo humano carne que ficou submersa na enchente histórica de Porto Alegre, em 2024. Entre os presos está um dos donos da firma, Almir Jorge Luís da Silva.
Segundo as investigações da Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios, arrematou 800 toneladas de proteína animal deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre. A Tem Di Tudo é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal.
Mas a Decon descobriu que pacotes de carnes bovina, suína e de aves estragadas foram postas à venda para açougues e mercados de todo o país.
“Temos informações de que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que ficaram acumuladas lá no frigorifico da capital gaúcha”, explicou o delegado Wellington Vieira.
“Até onde a gente sabe pelas investigações, a carne foi transportada para diversos outros compradores que não sabiam da procedência. Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil”, afirmou.

Equipes da Polícia Civil do Rio encontraram alimentos estragados em um dos endereços alvos da Operação Carne Fraca, em Três Rios (RJ) — Foto: Reprodução
Lucro de 1.000%
A polícia descobriu também que a Tem Di Tudo Salvados lucrou muito com o esquema.
“Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, declarou Vieira.
Os investigados podem responder ainda pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
Coincidência
Todo o trabalho de investigação começou no Rio Grande do Sul por uma coincidência: uma das empresas que compraram a carne deteriorada foi justamente o frigorífico que vendeu o produto para a Tem Di Tudo.
Os produtores gaúchos acionaram a polícia depois de identificar a carne descartada pela numeração do lote na etiqueta da embalagem.
Agora, a polícia tenta localizar as outras empresas que compraram a carne sem saber que era um produto impróprio para o consumo.

Equipes da Polícia Civil do Rio encontraram alimentos estragados em um dos endereços alvos da Operação Carne Fraca, em Três Rios (RJ) — Foto: Reprodução